É difícil achar quem nunca tomou um chá, indicado por uma avó ou por alguma senhora do bairro, que prometesse acabar com as cólicas ou com a gripe forte. Há indícios do uso de conhecimentos em plantas medicinais na China em 3000 a.C., quando o imperador Cho-Chin-Kei registrou descobertas no uso do ginsen e da cânfora. As informações sobre as plantas eram passadas de geração a geração. Porém, hoje isso tem status de ciência e é aceito pela comunidade científica através da Fitoterapia, que estuda os princípios ativos das plantas com objetivos terapêuticos.
Para a farmacêutica Adriana de Almeida, de Curitiba, a procura por medicamentos fitoterápicos cresceu em 50 anos, tendo um aumento considerável de consumo nos últimos dez anos. “Muitas pessoas buscam hoje em dia um estilo de vida mais saudável e natural e também um tratamento mais alopático e suave. Através da informação, pessoas estão comprovando a eficácia dos produtos, que funcionam e não têm efeitos colaterais ou são mais leves que os medicamentos comuns”, explica.
Porém, em muitos lugares o uso indiscriminado de plantas e ervas ainda é comum. “Em vários casos, o procedimento usado é incorreto. Algumas plantas, como por exemplo a camomila, não podem ser fervidas, pois o princípio ativo dela se vai com a fervura”, alerta a farmacêutica. O correto, segundo ela, é fazer uma efusão, que consiste em colocar água fervente na camomila, tampar e tomar. Outro ponto que a farmacêutica ressalta é que muitas plantas precisam de cuidados para serem colhidas, e, dependendo da maneira como serão preparadas, podem-se secar ao sol ou receber umidade. “É fundamental muita higiene no preparo. E para saber se está fazendo a coisa certa a informação é imprescindível”, recomenda.
Hoje existem medicamentos fitoterápicos para quase todos os casos, como para dores de cabeça, prisão de ventre, dores musculares, enxaquecas, problemas circulatórios e até varizes. “A pesquisa e a informação fez cair muitos mitos sobre o uso de plantas medicinais para tratamentos diversos, o que faz com que muitos médicos conheçam a eficácia dos produtos fitoterápicos e recomendem aos seus pacientes”, conta Adriana.
Chás caseiros – O hábito de tomar chazinho quando se está doente ou no final da noite já faz parte da nossa cultura e os supermercados oferecem inúmeras opções. A farmacêutica Adriana de Almeida aprova o uso dos chamados “chás de saquinhos”, com uma ressalva: a empresa escolhida pelo consumidor deve ser confiável e com registro no Ministério da Saúde. “Hoje em dia existem muitas empresas de fundo de quintal. Então, devemos estar atentos se o produto consumido tem procedência, ou se chega em sua casa com a qualidade devida”. Ela também dá algumas dicas sobre plantas e algumas de suas funcionalidades:
Ervas consideradas calmantes: camomila, erva cidreira e plantas como valeriana e o maracujá.
Alecrim: tem poderes antiinflamatórios, além de ser uma ótima erva para tempero.
Aloe Vera: é a nossa conhecida “babosa”. Pode ser usada como antiinflamatório (uso tópico), assim como hidratante em caso de queimaduras. Como é um gel, ela alivia a área. Nos cabelos, tem um poder hidratante. A Aloe Vera não pode ser ingerida, pois se transforma num poderoso laxante.
Camomila: tem uma gama ampliada de tratamentos. Ela pode ser usada para clarear naturalmente os cabelos (desde que já sejam claros), acalma dores estomacais e indigestão, é também antiinflamatório e ótimo para feridas e assaduras.
Ginkgo Biloba: amplamente usado por orientais, ele tem inúmeras funções. Combate os radicais livres (responsáveis pelo envelhecimento precoce), auxilia na oxigenação cerebral (sendo assim, ótimo para a memória), é também bom para varizes e problemas circulatórios.
Chá verde: da mesma família do chá preto, ele é rico em cafeína e, por isso, acelera o metabolismo, auxiliando quem quer emagrecer. É um poderoso antioxidante, prevenindo também o envelhecimento precoce.